Recentemente a revista TIME publicou interessante artigo sobre o aumento
global da incidencia de câncer de mama. Doença que foi sempre mais comum em
países ocidentais, passou a se frequentemente diagnosticada nos países orientais
e, mesmo, africanos. Estima-se que serão diagnosticados 1.500.000 novos casos no
mundo em 2011.
No Brasil serão 49.000 casos, um a cada 11 minutos, sendo a maior
prevalencia nas regiões sul e sudeste. Há também um aumento em mulheres jovens.
Câncer de mama é uma doença de origem multifatorial. Estão envolvidos a
predisposição genética, estilo de vida e fatores ambientais. As células mamárias
e seu material genético estão expostas, continuamente, a fatores agressores
externos como vírus, irradiação e substâncias tóxicas ambientais (
xenobióticos). Eles são capazes de induzir mutações no DNA celular, mas
felizmente há mecanismos reparadores ( gens supressores) que restabelecem a
integridade genética. Quando ocorrem mutações irreversíveis, o processo de
malignização se inicia. Condições organicas como hormonios e sistema imunológico
podem frear ou promover o crescimento destas células alteradas e, por fim,
favorecer sua disseminação para outros orgãos.
A
grande maioria dos casos (75%) de câncer de mama não tem histórico familiar. São
chamados de esporádicos. Em 5% das pacientes há mutações dos gens BRCA1 e BRCA2
que conferem a estas famílias um risco bem elevado de desenvolvimento de novos
casos.
Xenobióticos são substancias presentes no meio ambiente e que determinam
danos genéticos. Nesta categoria estão os agrotóxicos e poluentes químicos que
apresentam propriedades bioquímicas
semelhantes ao estrogênio ( Hormonio feminino), que ocasionam um estímulo
hormonal adicional.
A
evolução da sociedade moderna promoveu uma série de mudanças no corportamento
feminino com repercussões biológicas, tais como: primeira menstruação mais
precoce, menor número de gestações e tardias, menor tempo de amamentação,
menopausa adiada. Todas estas condições levaram a mulher do século XIX que
menstruava, em média, 50 vezes durante a vida, à mulher moderna que costuma ter
400 a 450 episódios. Estes ciclos contínuos promovem um bombardeio hormonal às
mamas que leva a alterações proliferativas. A esta condição soma-se o fato que a
mama só atinge sua maturidade após a primeira gestação completa. As mamas
imaturas são mais suscetíveis a fatores carcinogênicos ambientais, aumentando
seu risco.
Fatores hormonais externos como anticoncepcionais e terapia de reposição
(TRH) também estão relacionados, principalmente se empregados na pós-menopausa.
Em 2003, com os resultados do Estudo WHI nos EUA, que demonstraram um aumento de
40% do risco relativo de desenvolvimento do câncer de mama em usuárias de TRH,
houve um declínio significativo de seu uso. Desde então o Instituto nacional do
Câncer dos EUA (NCI) observou um decréscimo da sua incidencia, que comprova esta
associação.
A
grande arma que dispomos para combater esta ameaça à mulher é a prevenção e o
diagnóstico precoce. A prevenção requer um estilo de vida saudável com dieta
balanceada, controle ponderal, e prática de exercícios físicos regulares. Novos
medicamentos como os Moduladores Seletivos de Receptores Hormonais ( SERMs)
foram recentemente aprovados pelo FDA (EUA) eANVISA ( Brasil) como substâncias
capazes de reduzir em até 60% o câncer de mama em mulheres na pós-menopausa.
Discute-se a indicação de mastectomia profilática e mesmo a remoção de ovários
em mulheres de alto risco com mutações genéticas BRCA1 e BRCA2, mas esta decisão
deve ser analisada por uma equipe interdisciplinar com mastologista, cirurgião
plástico, geneticista, oncologista e psicólogo.
Os métodos de imagem mamografia, ultra-sonografia e ressonancia magnética
possibilitam diagnosticos cada vez mais precoces e consequentemente melhores
resultados com maiores chances de cura. Mesmo em países desenvolvidos, como o
Japão, o percentual de mulheres que seguem um programa de controle periódico com
auto-exame das mamas, exame clínico e mamografia é baixo. No Brasil há mamógrafos em 9% dos municipios municípios
e estima-se que apenas 25% da população esteja coberta por programa efetivo de
prevenção.
A
industrialização e urbanização brasileira trouxeram um aumento da incidência do
câncer de mama. É muito importante que a sociedade atavés do governo, empresas
privadas, ONGs e grupos de saúde promovam contínuo programa de educação
comunitária e ofereçam à população condições de diagnóstico e tratamento
adequado. Esta preocupação tem importância não só humanitária, mas também
economica, considerando que aumenta cada vez mais o papel da mulher como chefe
de família e participação no mercado de trabalho.
O diagnóstico tardio do câncer de mama leva a
tratamento mais mutiladores, onerosos e com resultados precários levando muitas
mães a morte precoce e evitável, deixando, em suas famílias, um vazio
irreparável.
Essa matéria foi publicada no Blog do Dr. Maurício Magalhães Costa, genicologista e mastologista, a um ano atrás, mas continua atualissima.
Recentemente ele esteve no canal GNT sendo entrevistado pela Marília Gabriela, http://gnt.globo.com/saude/noticias/Adiar-a-gravidez-pode-aumentar-incidencia-de-cancer-de-mama--diz-especialista-em-saude-da-mulher.shtml
Maurício Magalhães Costa
Mestre e Doutor em Ginecologia pela
UFRJ
Chefe do Setor de Oncologia Ginecológica do
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho – UFRJ
Membro do Board of Directors da
American Society of Breast Disease e da Senologic International
Society
6 comentários:
Prevenir salva vidas...
Beijo Lisette.
Ando tão assustada com o "crescimento" dessa doença. Mal começamos o ano e recebo a notícia de duas amadas diagnosticadas. Bora lá estar junta pra auxiliar no enfrentamento. Sôdades docê Wilma!
Beijuuss n.a.
Boa tardeee,
Queria parabenizar você por estar sempre usando seu cantinho para ajudar e informar quem passa por aqui. Gostaria de postar essa matéria pra divulgá-la também em meu blog, posso?
Beijus minha linda.
Cris
Cris.
Disponha a casa é sua o que você precisar, pegue lá no blog, veja a entrevista da Marilia Gabriela com o Dr. Maurício Magalhães, ele fala de um mutirão que irá ser feito ainda esse ano de Reconstrução Mamária, para fazer andar a fila do SUS, muito legal, com a participação da iniciativa privada e profissionais da área.
Beijos Mil.
Minha linda, você é uma Luz na vida de todas nós da bogesfera.
Te adoro, viu?
Beijos da Sol
É Wilma, a informação é a melhor arma. Voce tem noção de que ao fazer uma postagem assim pode estar evitando um diagnostico tardio em algum paciente? Portanto é muito importante iniciativas como essa. Parabens.
Forte abraço
JVianei
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